quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Inacabado

Inacabado.


Fazia tempo, mas de novo eu te encontrei, estranho e de repente como sempre
Desprevenido, me deixei levar pela sensação que de modo tão incomum, como naquela época, fez aumentar gradativamente a minha ansiedade, pensamentos desconexos de palavras e dedos permeando involuntários o teclado, que sofreu coitado, com sucessivas agressões que precisavam ser ligeiras, já que você já havia anunciado o pouco tempo de que dispunha. Não hesitei como de praxe minha covardia me impunha.Toquei no velho assunto, incitei lembranças sobre a velha história... E os momentos que sucederam eram muito semelhantes aos quais de tanto lembrar eu já havia esquecido, esquecido não! Guardado. Guardados como a minha esperança naquelas noites de ouvir o telefone tocar, e por isso já se preparar pra disparar e não deixar ninguém além de mim, atender pra saber se era você. Longos meses foram aqueles que sucederam aquela noite a qual desajeitado e sem muito papo sentei e deixei a tal covardia de lado pra perguntar sobre o que você gostava, e mentir um pouco também, eu permitia-me apenas saber que aquilo seria uma aventura, uma história de verão, mas como sempre objetivar um capricho me levou a superestimar o que ainda nem era sentimento, e que de modo gigante me tampou os horizontes e me fez fazer planos mesmo sem esperar resposta de quem inspirava estes sonhos. Aos poucos os telefonemas escasseavam e a realidade desanimadora me realçava a lembrança de que não éramos da mesma cidade e adolescentes o bastante pra depender demais de casa. Eu até preferiria, mas o difícil era não fazer valor e não me importar com o que pensava sobre mim. Continuei me declarando e você confirmando que iria acontecer, bastava eu aparecer, eu esperava a oportunidade, o pretexto de ir lá, era a covardia de novo, eu queria andar com os pés dos outros... Não suportava a idéia de ir, não dar certo e me arrepender, esse medo de tentar sempre atrapalhando experenciar... Eu sempre me lembro, foi depois do são João, julho meu padrasto iria vender um carro por aí, eu fui de carona e fiquei de sentinela na praça, uma hora e meia depois vi tua irmã passando, sim era ela, eu a segui até criar coragem de chamar seu nome e perguntar de você. Ela me levou na tua escola e ao te ver, o redor perdeu valor diante do que era tua pele clara e cabelo amarrado naquele dia... Eu falei bastante, nervoso eu não reagia a você, aliás, reagia, eu só não agia, foram três ou quatro beijos e a impressão que deixei não devia ser das melhores, eu fui você não ligou mais e eu também não mais voltei...
E hoje após mais um dia de aula comum, a internet resolve conectar, e quem aparece falando comigo pelo MSN? Você, que se permitiu admitir, ainda não me esquecera e se pudesse não perderia a chance de ficarmos juntos de novo... A vida se renovou... A distancia aumentou, mas não foi capaz de limitar a recordação do teu semblante, que se apagava, mas se eu disser que não penso mais em você, mentiria... É estranho, mas é preciso saber, sentimentos não são retos... Fazia tempo, e hoje você de novo me encontrou, alheia e surpreendente como sempre... E agora eu fico aqui a pensar se foi só um lampejo da memória, ou se era hora de recomeçar. O que está inacabado perturba, e talvez esse seja o segredo de não esgotar o amor... ficar sempre assim inacabado.

3 comentários:

  1. Quão poético, mas pouco narrativo. Isso são elucubrações, lembranças, memórias, mas cadê a 'narra-ação'? Além disso, quero ver um texto de cada um de vocês. Sei que vocês descobriram-se como que irmãos (um em dois?), mas, cada um tem sua EXPERIÊNCIA, seu OLHAR sobre o mundo e as coisas.

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